Estamos diante de um cenário crítico para o setor social. Nesse mesmo período em que uma corrente solidária conseguia levar mantimentos e fortalecer a capacidade de proteção do público mais vulnerável ao vírus, as ONGs viram os recursos diminuírem gravemente. A pesquisa inédita “Impacto da Covid-19 nas OSCs Brasileiras: da resposta imediata à resiliência”.
A pesquisa aponta aumento significativo da atuação das organizações sociais junto às populações e locais mais impactados pela pandemia: 44% das organizações ouvidas adaptaram suas atividades para atenderem seus públicos de forma remota. E 59% acreditam que a demanda por seus serviços deve aumentar após o final da pandemia.
Durante a pandemia, as maiores dificuldades mencionadas pelas organizações entrevistadas foram:
73% responderam que foi a diminuição na captação de recurso;
55% citaram o distanciamento e a dificuldade de comunicação com o público atendido;
44% mencionaram a diminuição de voluntários ativos;
40% falaram de estresse ou sobrecarga da equipe.
Futuro Incerto
46% das organizações entrevistadas apontam orçamento disponível para operar no máximo por mais 3 meses, sendo que 1 a cada 5 já declara estar sem nenhum recurso financeiro para continuar as atividades.
65% apontaram que precisam de recursos para manter seus custos operacionais: contas fixas, serviços administrativos, equipe, aluguel. A crise ameaça a capacidade de operação e atendimento do setor daqui pra frente.
“A crise provocada pela COVID-19 reforça o papel fundamental que as OSCs desempenham, com destaque ao atendimento às populações mais vulneráveis. O resultado da pesquisa reforça a importância do fortalecimento da cultura de doação e do engajamento de todos os setores para a manutenção e ampliação das atividades das organizações”. Beatriz Bouskela, Vice-Presidente do Movimento Arredondar
Cultura de doação, um caminho possível
Precisamos trazer o tema da doação para as conversas do dia a dia, falar de doação para crianças e adultos, gerar visibilidade para projetos sociais e ambientais, apoiar a sustentabilidade financeira das organizações sociais que estão educando, alimentando, debatendo políticas públicas, transformando vidas de norte a sul do país.
O Arredondar participa do Comitê de articulação e apoio ao estudo. Durante a pandemia, junto com outras entidades do terceiro setor, pensamos ações e apoiamos iniciativas como o Fundo Emergencial para a Saúde que mobilizou 10 mil doadores e levantou recursos para 42 entidades de saúde; o portal de Impacto Phomenta de conteúdo para organizações sociais e a União Amazônia Viva que está arrecadando doações para os povos tradicionais nas regiões mais afetadas pela COVID-19.
Estamos acompanhando de perto como as organizações estão passando por essa crise, reforçando a digitalização da gestão e dos processos, buscando novos conhecimentos, compartilhando aprendizados.
O que podemos fazer?
Atuar coletivamente. Convidamos pessoas empresas, imprensa a vir com a gente. Juntos, fazemos a diferença e podemos apoiar as organizações de várias maneiras. Com doação, divulgação, voluntariado, mentoria.
Não sabe por onde começar? Conheça as organizações sociais certificadas e apoiadas pelo Movimento Arredondar aqui
Ficha técnica do estudo
Foram ouvidos 1.760 representantes de organizações de todas as regiões do país, entre 17 e 31 maio de 2020.
Coordenação: Mobiliza e Reos Partners
Apoio financeiro: Fundação Tide Setúbal, Fundação Laudes, Instituto ACP, Instituto Humanize, Instituto Ibirapitanga, Instituto Sabin e Ambev.
Parceria técnica da Move Social
Comitê Estratégico voluntário, que apoia as articulações do projeto e análise dos dados: Movimento Arredondar, ABCR, GIFE, Instituto Filantropia, Move Social, Nossa Causa, Ponte a Ponte, Prosas e Rede de Filantropia pela Justiça Social.
Identidade visual e materiais de comunicação: Because
Publicado em 24 de Agosto de 2020
Por Sulamita Santana