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*Entrevista produzida pela voluntária Jéssica Vasconcelos, e vídeo produzido pela voluntária Letícia Lemos

Nesse 1º de abril, também conhecido como o ‘’Dia da Mentira’’, convidamos nossa presidente Nina Valentini, e nosso responsável pela área de Investimento Social, Francisco Alvares, para baterem um papo sobre as verdades, mitos e mentiras do Terceiro Setor. Confira a entrevista na íntegra abaixo, ou assista ao vídeo resumido. 

J: No setor de impacto social a aplicação de recursos é revertida em benefício próprio.
Nina: MENTIRA. “A maior parte de iniciativa do setor social e de impacto social reverte o recurso para o benefício de outras pessoas que precisam desse apoio, público de alta vulnerabilidade e até mesmo causas que precisam de visibilidade e que ainda não tem na opinião pública ”.

J: Organizações do Terceiro Setor não contribuem para a economia.
Francisco: MITO. “Existe esse estigma de que as organizações do Terceiro Setor não contribuem para a economia, que não geram renda, etc. Mas se formos pensar em uma matriz macroeconômica, de como funciona a estrutura econômica de um país, de uma nação, do relacionamento econômico entre as estruturas da sociedade e diferentes setores as ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR contribuem e muito para isso, tanto para formação de capital econômico e do capital social pensando que muitas das organizações fazem parte de ciclos econômicos por completo e ajudam na geração de renda na ponta e ao mesmo tempo não deixam de fazer parte do ciclo de investimento social privado ou mesmo do investimento privado que gera aí na sua casa dos muitos bilhões anualmente.”
Nina: “Tem gente que faz essa separação: Ou você é uma pessoa da área de impacto social ou você é uma pessoa que tem interesse em crescimento econômico, mas se você não tem um país com base de desenvolvimento para todos não tem um país que se desenvolve economicamente também, então, precisa sim garantir algumas coisas básicas para dar o mesmo patamar de oportunidades para as pessoas ”.

J: O Terceiro Setor é destinado àqueles que não tiveram sucesso no mundo dos negócios.
Francisco: MITO. “De fato, existe a história de que o Terceiro Setor fica para àqueles que não querem trabalhar muito porque é mais fácil lidar com o mundo das ONG’s do que das empresas e que quem não consegue se dar bem nos negócios vai para o Terceiro Setor porque acredita ser mais fácil, mas pelo menos na realidade das organizações que eu trabalhei isso é um MITO. Eu vejo empreendedores e empreendedoras sociais fazendo um trabalho incrível, trabalhando horas e horas por dia, muito mais tempo que muitas pessoas que eu conheço que trabalham no setor privado lucrativo, mas sem desmerecer o trabalho dessas pessoas. Não que trabalhar horas e horas signifique muita coisa, mas resolver problemas sociais de altíssima complexidade, reduzir desigualdade, pobreza, vulnerabilidade social e todas as coisas que assolam não só o Brasil como vários países do mundo exigem um certo nível de complexidade de trabalho, de horas no trabalho que podem ser muito mais complexas do que trabalhar em multinacionais, mercado, mundo empresarial e financeiro ”.

J: Os resultados do Terceiro Setor não são gerados pelo voluntariado.
Nina: MENTIRA. “A maior parte das organizações são mobilizadas pelos voluntários, mas nem todos. No Arredondar, por exemplo, tem uma força voluntária e uma força de pessoas que trabalham e são remuneradas para isso”.

J: O Terceiro Setor não é responsável por nenhuma transformação social.
Francisco: MENTIRA. “É uma antítese em si essa frase porque o Terceiro Setor surgiu justamente com a intenção de trabalhar com o social. No Brasil, tem toda uma história com a igreja católica, o trabalho das pastorais e toda a história que existe do assistencialismo de base religiosa que principalmente pensava em quem precisava de ajuda, nos mais vulneráveis e necessitados com uma super mudança de conceitos em cima dos porquês do Terceiro Setor que hoje eu não atrelo necessariamente a essa mesma origem em relação aos trabalhos religiosos. O Terceiro Setor tem o fim principal de não existir mais, tem a ideia de que se o governo fizesse bem o trabalho dele o Terceiro Setor não precisaria existir. Eu também não acredito plenamente nisso, mas existe uma coisa muito forte que independente da presença do Estado ou não as organizações sociais estão ali pelos fins públicos, de necessidade e demanda social, então, para mim significa que o Terceiro Setor existe por si só para causar TRANSFORMAÇÃO SOCIAL. Por isso, para mim, é uma bela MENTIRA ”.

J: O Terceiro Setor não contribui com o mercado de trabalho.
Nina: É UMA FALÁCIA, UMA MENTIRA. “Além de ser um setor que cada vez mais movimenta pessoas, recursos e que tem mais gente trabalhando nele obviamente o Terceiro Setor também é responsável por formar muita gente, tem muitas faculdades que são do terceiro setor, muitos cursos técnicos e organizações que trabalham para finalização de jovens ”.

J: O Terceiro Setor não quer depender e nem gosta de doações.
Francisco: MITO. “É um pouco mais complicado. Não é que o não quer depender fosse verdade, mas depender de doações e doações instituições, seja de grande porte ou de micro doações que é o caso do Arredondar de fato não é muito bom depender. Depender do recurso financeiro para executar qualquer coisa não é uma coisa muito boa. De fato, depender seria uma verdade provavelmente, mas, não é que a gente não goste de receber doações.
A cultura de doação que é muito do que o Arredondar fala e a história do Arredondar vem da gente compreender a cultura de doação como um super desafio no Brasil e em outras várias sociedades também, porém, na sociedade
brasileira é uma coisa muito forte que vem caindo cada vez mais para posições piores no ranking internacional de doação, então, tem uma coisa super complexa em que a Fundação do Movimento Arredondar discute sobre a necessidade da doação, de se solidarizar pelos problemas sociais, pensar que você se sentir doador no seu dia a dia, da doação como hábito, seja financeiramente, de doar seu tempo ou prestar uma ação voluntária isso tudo significa doar e não só o financeiro, então, gostar de doação a gente gosta e acho que organizações sociais não só no perfil do Arredondar, mas nas da ponta também que não funcionam como intermediárias são organizações que se sentem parte colaborativa e compreendidas em meio a um todo quando as doações chegam até ela, seja uma doação de tempo, material, dinheiro, enfim, todos os tipos de doações que ajudam em muito para que a gente possa existir. Gostar de doação a gente gosta, talvez; não depender muito — dependendo da dimensão dela — isso pode ser bem drástico.”

J: As organizações do Terceiro Setor atuam na mesma área.
Nina: MENTIRA. “Existem inúmeras causas e até perfis de organizações do Terceiro Setor bem diferentes. Tem sim organizações que trabalham na mesma causa só que temos muitas causas no Brasil, então, não sei se a resposta seria MENTIRA ou OUTROS, enfim. Por exemplo, educação é uma causa super forte no Terceiro Setor aqui no Brasil agora tem organizações de educação que trabalham com educação básica, ensino médio, profissionalizante e ainda assim tem uma série de nuances nessa questão das causas ”.

J: Nem todas as ONG’s estão precisando de dinheiro.
Francisco: VERDADE. “Tem uma coisa que é o precisar de dinheiro e o precisar é uma palavra que é bastante abrangente. Muitas organizações sociais sem fim lucrativo têm majoritariamente um modelo de financiamento em que depende de um terceiro e não de uma prestadora de serviço ainda que algumas organizações possam prestar serviço de acordo com o estatuto delas (documento que permite a existência da organização) assim como empresas e governos têm toda uma documentação que permite a existência das organizações sociais e algumas delas colocam que podem sim prestar serviço que é uma possibilidade que faz com que a organização dependa menos de recursos de doação independentemente de qual formato (tipo de doação). Ou seja, algumas organizações estão muito mais tranquilas com essa ‘’pizza’’ que a gente chama internamente no Arredondar que é a pizza da diversidade do financiamento das organizações. Algumas organizações estão tão confortáveis com esse modelo sejam elas organizações maiores como fundações empresariais que também fazem parte do Terceiro Setor ou organizações pequenas que tenham ali uma mantenedora ou um fundo patrimonial, enfim, diferentes modelos de financiamento e algumas organizações estão tão confortáveis que seria possível dizer que elas não estão precisando de dinheiro ainda que não seja a realidade da maioria. Muitas organizações do Brasil e de fora vivem nessa busca pela captação de
recursos que também é um dos motivos da existência do Arredondar não só de pensar que cultura de doação é importante, por pensar que o brasileiro pode ser sim solidário com causas relevantes e urgentes para o desenvolvimento do país mais que acima de tudo está pensando na sustentabilidade financeira e institucional de muitas organizações sociais no Brasil ”.

DADOS:
Segundo pesquisa realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) cerca de 6,5 milhões de pessoas fazem trabalho voluntário no país.

Estudo realizado pelo IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas o Brasil fechou o ano de 2017 com 820 mil ONG’s existentes.

CURIOSIDADE:
A Associação Brasileira de Captadores de Recursos, totalmente gratuita e online disponibiliza em sua plataforma como aprender, engajar pessoas, a captar recursos e parceiros para se tornarem doadores da sua ONG e contribuírem em prol da missão de cada organização se fim lucrativo. http://captamos.org.br/sobre/

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