Por: Beatriz Bouskela , do Arredondar, e integrante do Movimento por uma Cultura de Doação
Dezembro já chegou, trazendo com ele o balanço do que está finalizando. É um período que carrega expectativas de transformações e a busca por novos hábitos: praticar mais esportes, aprender uma nova língua, cuidar das relações e reduzir o tempo nas redes sociais. E em meio a tantas metas e objetivos, como podemos cultivar e estimular a solidariedade como um hábito em 2025?
Construindo o hábito de doação no Brasil
Para apoiar a reflexão de como trazer o hábito de fazer para o dia a dia dos brasileiros, podemos recorrer a diversas teorias comportamentais. Para essa reflexão recorro ao clássico O Poder do Hábito, de Charles Duhigg, que apresenta os mecanismos que moldam nossos comportamentos e como podemos ajustá-los para criar práticas mais rigorosas.
O gatilho
Esse termo, ou a deixa, é o que inspira a execução de determinada rotina. Se bem posicionado, aciona uma resposta emocional e cognitiva imediata. Os gatilhos devem ser relevantes e perceptíveis, podendo ser visuais, contextuais, emocionais. E ligá-los a outros hábitos já formados pode ser uma importante estratégia de consolidação.
Eventos como desastres, período natalino e eventos religiosos têm gatilhos poderosos para inspirar a doação. Ampliar esses contextos e integrá-los a outras situações do dia a dia pode contribuir para transformar a doação em um hábito mais constante, facilitando sua reprodução e naturalização na vida das pessoas.
A rotina
Nesse sentido, criar métodos de pagamento descomplicados e recorrentes, minimizar barreiras de adesão e ampliar a acessibilidade podem ser estratégias importantes para tornar a doação parte do cotidiano das pessoas.
Uma recompensa
A recompensa é o benefício percebido que reforça o hábito. Pode ser uma sensação física, emocional, social ou mesmo cognitiva. Quando nos conectamos com a sensação positiva, reforçamos a nossa conexão e nos sentimos mais motivados para continuar.
Ouvir o relato de uma família que recebeu apoio, vivenciar uma apresentação musical financiada pela doação, compartilhar um momento coletivo de reconhecimento e celebrar podem fazer toda a diferença em uma jornada de doação. Esse vínculo é essencial para sustentar o hábito, pois você não apenas faz, mas se sente parte da transformação.
Além disso, a transparência das organizações é um elemento-chave. Ela dá ao doador a certeza de que sua ajuda está sendo bem utilizada, reforçando a confiança e o desejo de manter o engajamento.
Como podemos inspirar e nutrir novos hábitos de doação em 2025?
Nessa transição de ano, fica a proposta para essa reflexão: como podemos, individualmente, aprimorar nossos hábitos de doação? E mais do que isso, como conseguirmos, juntos, criar novos contextos, facilitar a ação e inspirar doadores com recompensas cada vez mais potentes?
A solidariedade não precisa ser algo grandioso ou complicado. Pequenas ações repetidas podem criar grandes mudanças. Que 2025 esteja marcado por muitas transformações.