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Texto publicado na Folha de São Paulo – Coluna Papo de Responsa

Microdoações realizadas no momento do pagamento têm grande impacto quando integradas de forma simples e transparente ao varejo

Provavelmente você já foi convidado a doar os centavos de suas compras em estabelecimentos como lojas e supermercados. Esse hábito não é novo nem nasceu entre nós, brasileiros. A prática de sugerir pequenas doações no caixa surgiu de forma difusa no varejo internacional, mas cada país teve organizações pioneiras.

Em 2024, 92 campanhas de checkout giving (doação no momento do pagamento) realizadas nos Estados Unidos arrecadaram, juntas, mais de US$ 275 milhões, valor expressivo que evidencia o potencial das microdoações associadas ao varejo.

O dado integra o relatório America’s 2025 Charity Checkout Champions, produzido pela organização Engage for Good e patrocinado pela Adyen, plataforma global de pagamentos. A pesquisa mostra que, mesmo em um cenário econômico desafiador, campanhas bem estruturadas continuam a mobilizar milhões de pessoas em gestos espontâneos de generosidade.

A chave está na simplicidade. Muitas das campanhas mais bem-sucedidas utilizaram valores fixos —US$ 1, US$ 3 ou US$ 5 dólares—, sugeridos no momento do pagamento, estratégia conhecida como set-dollar prompts. O valor médio de doação foi de US$ 1,13. Embora pequeno, o volume do varejo transforma essas contribuições em impacto altamente significativo.

“Quando a mensagem é clara e o impacto é tangível, as pessoas doam”, resume o relatório. Campanhas que explicam, por exemplo, que “US$ 5 equivalem a uma refeição” conseguem engajar de forma muito mais eficaz.

Outro fator decisivo é a integração com os sistemas de pagamento. Em caixas físicos, totens de autoatendimento ou plataformas digitais, a doação tornou-se quase imperceptível: em vez de uma interrupção, passa a ser parte natural da experiência de compra.

Enquanto isso, a cultura de doação amadurece no país. Dados do Idis (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) mostram que, em 2024, mais de 75% dos brasileiros doaram. Apesar das oscilações sociais e econômicas ao longo dos anos, a intenção de doar no ano seguinte permanece estável.

Essas doações incluem dinheiro, bens como roupas, alimentos e remédios, além da dedicação de tempo em atividades voluntárias, diferentes formas de apoiar pessoas, instituições e causas sociais.

O Movimento Arredondar atua há 14 anos para tornar essa prática realidade no Brasil. Por meio de parcerias com empresas de diversos segmentos, oferecemos aos consumidores a possibilidade de realizar microdoações no checkout de suas compras para organizações sociais. Mas isso é apenas o começo.

Com mais de 75 milhões de microdoações realizadas desde 2011 pelo Movimento Arredondar, já é possível afirmar que o modelo tem aderência e grande potencial de escala. A estrutura está desenhada: não há custos para os parceiros, a implementação é simples, e o processo beneficia marcas, consumidores e organizações sociais.

Mais do que relatórios técnicos, o que gera conexão é mostrar de forma clara e emocional o impacto gerado, seja por meio de uma mensagem ao final da compra, seja com histórias reais que reforcem o valor do gesto.

Assim, a doação deixa de ser pontual e transforma-se em vínculo contínuo entre marca e causa. O Brasil ainda está consolidando essa cultura, mas os passos já dados, com o apoio de marcas pioneiras, mostram que estamos no caminho certo e o futuro é de expansão.

Para que isso aconteça, são necessários planejamento, parcerias bem alinhadas, tecnologia e, sobretudo, uma cultura empresarial de ESG sólida. Mas, acima de tudo, é essencial reconhecer que as empresas têm papel central na construção de uma cultura de doação cotidiana e acessível.

As campanhas de doação no checkout não são apenas uma tendência. Representam o desejo das pessoas de contribuir, mesmo com pequenos gestos, para um mundo mais justo.

Cabe agora às empresas brasileiras e às organizações sociais criar as condições para que isso aconteça com mais frequência, transparência e impacto. E o Brasil tem tudo para ser protagonista dessa transformação.

Outros destaques: Microdoações no varejo e o caminho para o engajamento social

 

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